Prévia de meninos e homens
Curiosamente, na semana em que estou escrevendo um texto sobre a diferença entre “Meninos e Homens”, aconteceu algo que contrariou aquilo que eu trazia como conceito de meninos.
Tinha acabado de chegar em um dos meus cafés favoritos para fazer uma das coisas que mais gosto de fazer (e que estou fazendo literalmente neste momento), que é escrever.
Um lugar que, em regra, é tranquilo e ideal para pensar, refletir, produzir e tomar, obviamente, um bom café.
Ao adentrar, já pressenti que teria desconforto: o local estava cheio de alunos adolescentes de uma escola situada quase ao lado. Respirei fundo e Vamos lá, ja estou aqui, não vou voltar, pensei.
Como era esperado, os jovens estavam muito agitados, afinal, além de estarem cursando seu último ano na escola, também estavam comemorando seu último dia de aula.
Pedi meu café, sentei e comecei a checar minha caixa de e-mails (sou a pessoa que abre a caixa de e-mails diariamente - até a de spam, sabe lá o que vamos encontrar…). Ouço, mas sem prestar muita atenção, vozes animadas, gargalhadas a todo momento. Mas, tentava me concentrar nas tarefas que começavam a surgir à medida que meu foco aumentava.
Logo, os alunos e suas vozes, se tornaram borrões ao meu redor.
De repente, minha visão periférica denuncia uma aproximação.
Levanto a cabeça e um jovem, que não passava dos 16 anos, já estava parado, me olhando e com uma camisa de sua escola nas mãos.
Ele, muito educado, disse com um sorriso:
- Com licença. Eu lhe achei muito bonita e gostaria de saber se pode assinar minha camisa.
Agradeci o gentil elogio. E numa breve “entrevista” descobri que estudava para uma vaga em direito. Assinei sua camisa desejando exatamente a realização deste objetivo. Agradeceu-me e se retirou.
Seu amigo, que estava logo atrás, me pediu a mesma coisa.
De imediato, fiquei surpresa com a atitude daquele jovem.
Por várias razões: pela ousadia, pela coragem, pela educação. Não foi o elogio a mim direcionado que me encantou, foi sua atitude.
Um menino (literalmente em idade), com atitude mais corajosa e bons modos que muitos, muitos, homens já barbados.
Afinal, e se eu o desprezasse, e se o ignorasse ou recusasse seu pedido? Bem ali, na frente de seus quase 30 colegas.
Curiosa essa semana. Pude presenciar ações que exemplificaram exatamente a inversão do que hoje ocorre: homens de 30 agindo como adolescentes mimados e adolescentes agindo como homens destemidos.
Certamente, daqui alguns anos, ele será um homem. No sentido próprio da palavra.
Há alguma esperança.
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